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Fique atento! Reforma Tributária não é apenas sistêmica, mas estrutural.


01. Visão Geral

A Reforma cria um sistema de impostos sobre consumo com exigência de maior transparência contábil.
Os tributos não ficam mais embutidos nos valores brutos, com isso, toda contabilização deve ser realizada de maneira segregada valor líquido x tributo em cada operação.

02. Objetivos

  • Aumentar a conformidade fiscal, reduzindo a inadimplência tributária.

  • Eliminar etapas manuais de apuração e recolhimento de tributos.

  • Garantir rastreabilidade dos valores pagos e recebidos.

  • Melhorar a previsibilidade de caixa no que se refere à parte líquida disponível para a empresa 

03. Primeiros passos

 3.1 Diagnóstico inicial

  • Mapear fluxos de receitas e tributos que serão impactados no sistema.

  • Identificar quais impostos terão contabilização automática (ex.: ISS, IBS, CBS).

  • Revisar processos de faturamento e recebimento atuais para entender onde o valor líquido e o bruto são tratados em todo Sistema

 3.2 Revisão do Plano de Contas (CT1)

  • Objetivo: Adaptar o plano de contas - CTBA020  para refletir corretamente a nova sistemática de tributação e permitir conciliações precisas e auditoria eficiente.

    Ações sugeridas:

    1. Receita Bruta – incluir contas específicas para registrar valores antes da dedução de tributos retidos.

    2. Receita Líquida – contas para valores após retenções, permitindo visão real da receita disponível.

    3. Tributos a Recolher – criar contas passivas transitórias, segregando cada imposto (IBS, CBS etc.) para facilitar acompanhamento e pagamento.

    4. Diferenças e Ajustes – contas de controle para conciliar divergências entre registros contábeis e fiscais.

    5. Contas Analíticas por Imposto – garantir detalhamento para cada tributo, permitindo conciliações, auditorias e relatórios gerenciais mais precisos.

 3.3 Configuração de Lançamentos Padrão (CT5) 

Criar lançamento padrão - CTBA080 ou nova sequência garantindo segregação e controle individual conforme ações sugeridas no tópico 3.2.


Além disso, evitar contas genéricas; cada categoria tributária deve ter conta específica. Todas as contas novas ou ajustadas devem ser validadas em ambiente de teste, garantindo que:

  • Lançamentos originais e automáticos sejam corretamente classificados;

  • Relatórios de conciliação e auditoria reflitam corretamente valores líquidos e tributos destacados;

  • Ajustes e diferenças sejam facilmente rastreáveis;

  • Ajustar o histórico padrão (CT5_HIST) das partidas dobradas para facilitar rastreamento.

 3.4 Revisão de Visões Gerenciais que compoem Demonstrativos, Indicadores, Relatórios e Entregas.

Ajustar DRE e demais demonstrativos préviamente configurados no ambiente através de visões gerenciais.

Exemplos:

  • Demonstrativo de Resultados (DRE) - para apresentar receita líquida já líquida dos tributos retidos.

    Por que ajustar:

    • Os tributos não ficam mais embutidos no preço de venda → necessário separar Receita Bruta x Tributos Retidos x Receita Líquida.

    • Permite visualizar de forma transparente o resultado operacional e o impacto dos tributos sobre a margem.

    • Facilita análise gerencial e auditoria sobre créditos tributários.

  • Balanço Patrimonial (BP) - Detalhamento de Passivo  

    Por que ajustar:

    • Criar ou detalhar contas passivas para Tributos a Recolher (IBS, CBS, ISS, PIS/Cofins em transição).

    • Contas de Diferenças e Ajustes para conciliar divergências entre contábil, fiscal e financeiro.

    • Permite que o ativo e o passivo reflitam corretamente a situação real da empresa, evitando distorções no patrimônio líquido.

  • Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) - Impacto direto ao fluxo de caixa 

    Por que ajustar:

    • Tributos destacados impactam diretamente no fluxo operacional → separar o pagamento de tributos do recebimento bruto de vendas.

    • Contas de Diferenças e Ajustes para conciliar divergências entre contábil, fiscal e financeiro.

    • Ajuda a planejar liquidez e obrigações fiscais em tempo real.

  • Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados / Reserva de Lucros 

    Por que ajustar:

    • Reflexo direto da segregação entre receita bruta e líquida, e tributos apropriados.

    • Evita superestimar lucros ou distribuir dividendos sem considerar tributos devidos

04. Procedimentos de Conciliação

  • Conferir se valores retidos batem com repasses realizados. 

  • Validar se todos os lançamentos automáticos refletem corretamente o plano de contas.

  • Documentar exceções e divergências.

05. Exemplo de Contabilização

Compra de mercadoria

Dados da operação:

  • Valor da mercadoria: R$ 10.000,00

  • Tributo IBS destacado: 12% → R$ 1.200,00

  • Tributo CBS destacado: 9% → R$ 900,00

  • Total da nota fiscal: R$ 12.100,00 (R$ 10.000 + R$ 1.200 + R$ 900)

Contabilização no Plano de Contas Ajustado

Conta ContábilDébito (R$)Crédito (R$)Observação
Estoques (Ativo)10.000,00Valor líquido da mercadoria
Tributos a Recolher – IBS (Passivo)1.200,00Imposto destacado separado
Tributos a Recolher – CBS (Passivo)900,00Imposto destacado separado
Fornecedor a Pagar (Passivo)12.100,00Valor total da NF

06. Legislação

Art. 335 – Presunções de Omissão de Receita

  • Fisco poderá presumir irregularidade se houver inconsistências entre:

    • Entradas, saídas e estoques;

    • Contabilidade e movimentações financeiras/cartões;

    • Custos e receitas (quando receita líquida for menor que custos).

Lei complementar 214

Hipótese de Presunção (Art. 335)Impacto ContábilAjuste Necessário no Contábil
Inconsistências entre entradas, saídas e estoquesPossível omissão de receita; divergência entre estoque físico e contábilCriar contas analíticas de estoque; conciliação entre estoque contábil e físico; alertas de divergência
Divergências entre registros contábeis e dados de terceiros (financeiras, cartões)Receita registrada diferente da efetivamente recebidaIntegração entre contabilidade, financeiro e conciliação com extratos bancários e movimentações de cartão; relatórios de divergência
Receita líquida inferior aos custosIndício de operação tributável não registradaSeparação clara de receita bruta x tributos destacados x receita líquida; relatórios de margem e apropriação de custos
Ausência ou inconsistência de documentação fiscalPresunção automática de operação tributávelControle de documentos fiscais no sistema; alertas para NF não registradas ou inconsistentes
Operações sujeitas a IBS/CBS não registradasTributos devidos podem ser presumidos pelo fiscoCriação de contas passivas de Tributos a Recolher, segregadas por tributo; conciliação diária; registros de ajustes e diferenças

07. Documentos Relacionados